Obesidade

A Anvisa, órgão regulador do Brasil, aprovou o uso do balão intragástrico para pacientes acima do IMC 27 (sobrepeso) e vários estudos já avaliaram o BIG em pacientes pré-obesos com boa resposta e segurança.
O Balão Intragástrico é uma prótese de silicone que, quando vazio, tem a forma tubular e quando preenchido tem o formato esférico (Fig. 01), possui uma superfície lisa e apresenta uma válvula conectada a uma sonda, que permite que o balão vazio seja preenchido dentro do estômago. É conhecido como “Bioenterics Intragastric Ballon” ou BIB®.

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Figura 01
O Balão Intragástrico foi construído para ajudar na perda de peso, pelo preenchimento parcial do estômago, provocando uma sensação de saciedade (Fig. 2). O paciente sente-se satisfeito mais rapidamente quando se alimenta com alimentos sólidos.

Figura 02 – Balão cheio ocupando espaço no estômago.

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Ao contrário dos procedimentos cirúrgicos, o balão é colocado através de endoscopia digestiva, em nível ambulatorial sob sedação profunda, sem necessidade de internação. O Balão vazio (Fig. 01) é colocado dentro do estômago através da boca e preenchido com um volume de 400 a 700ml de soro fisiológico e um corante azul chamado de azul de metileno até assumir uma forma esférica (Fig. 02). Uma vez cheio, o Balão funciona como se o estômago estivesse cheio de comida.

Logo após a colocação do Balão o paciente passa por uma fase de adaptação. Quatro a seis horas após a colocação, a maioria dos pacientes apresenta náuseas, vômitos, cólicas e sensação de peso no estômago, causando desconforto importante. Todos esses sintomas são tratados com medicação oral e endovenosa e devem passar em dois ou três dias.

Se o paciente não se adapta à presença do Balão, é realizado novo exame de endoscopia para sua retirada. Após esta fase o paciente deve seguir uma dieta estabelecida e um programa de atividade física.

Tendo em vista que o ácido do estômago corrói o silicone (o componente básico do Balão), é preconizado o uso concomitante de um medicamento para reduzir a produção de ácido pelo estômago, durante todo o período de uso do Balão. Esta precaução preserva a integridade do Balão Intragástrico.

Durante o uso do Balão Intragástrico todo paciente deve ser acompanhado, a fim de detectar o aparecimento de eventuais complicações.

Trabalhos científicos tem demonstrado que a maior perda de peso ocorre nos 04 primeiros meses. O Balão deve então ser retirado ou trocado no máximo a cada 06 meses. Há risco de esvaziamento do Balão quando deixado no estômago por mais de seis meses, caso ocorra, o paciente perceberá as fezes e urina com tonalidade azulada, devendo procurar seu médico para fazer a retirada o quanto antes.

A retirada do Balão também é feita por endoscopia. O Balão é perfurado e esvaziado com um cateter especial. O Balão vazio é então retirado pela boca.

Após a retirada do Balão o paciente deve continuar mantendo as mudanças comportamentais para manter o peso, pois caso contrário poderá voltar a ganhar o peso perdido.

O resultado ao uso do Balão Intragástrico pode variar segundo a condição geral do paciente e seu nível de engajamento. Medicamentos e/ou regimes alimentares complementares especiais podem também ajudar na resposta final. O uso do Balão Intragástrico como todos os tratamentos temporários de emagrecimento em pacientes obesos mórbidos e superobesos geralmente dão resultados decepcionantes (com ganho do peso perdido) no longo prazo, nos casos destes pacientes, a principal indicação para o uso do balão está em perder peso para melhorar a condição clínica antes da cirurgia bariátrica.

Indicações

Recomendamos o uso temporário do Balão Intragástrico nos esquemas de tratamento para perda de peso de pacientes obesos, em que a sobrecarga ponderal apresenta sérios riscos a saúde, ou que não tenham conseguido obter uma perda de peso durável dentro de um programa não cirúrgico de perda de peso.

O Balão Intragástrico é indicado para:

  • Pacientes com IMC abaixo de 35 com doenças associadas que têm contra-indicação ao tratamento clínico, ou não respondem ao tratamento clínico por mais de três anos.
  • Pacientes com IMC igual ou superior a 35 com doenças associadas que não têm condições de serem submetidos à cirurgia por contra-indicação médica ou que não querem se submeter à cirurgia.
  • Perda de peso pré-operatória em pacientes excessivamente obesos (IMC de 50 ou mais), para reduzir os riscos da cirurgia de obesidade ou outro tipo de cirurgia. A perda de peso ajuda a diminuir a gordura abdominal e o volume hepático, melhorando a função hepática, respiração e controle das doenças associadas no pré-operatório.

Cuidados e Precauções:

Durante o uso do Balão o paciente deve sempre observar a cor da urina e das fezes. Pois quando há vazamento no Balão, que pode ocorrer em cerca de 3,5% dos casos, a urina fica esverdeada ou azulada (absorção intestinal e eliminação urinária do azul de metileno presente no líquido de preenchimento do Balão), perda da sensação de saciedade, fome progressiva e ganho de peso. Caso isto ocorra o paciente deve procurar o cirurgião para ser submetido a um controle endoscópico e retirar o Balão o mais breve possível. Aconselha-se mastigar bem os alimentos.

Contra-indicações:

  • O uso do Balão é contra-indicado em pacientes gestantes ou em aleitamento. Se ocorrer a gravidez durante o uso do Balão, é recomendada a sua retirada.
  • Nos pacientes com inflamação do tubo gastrointestinal superior tal como esofagite, úlcera gástrica ou duodenal, câncer ou uma inflamação específica tal como a doença de Crohn.
  • Risco de sangramento no trato gastrointestinal superior como as varizes gástricas e esofágicas, telangiectasia intestinal congênita ou adquirida.
  • Anomalias congênitas ou adquiridas do aparelho gastrointestinal como os divertículos ou estenoses.
  • Volumosa hérnia hiatal.
  • Pacientes com distúrbios psiquiátricos.
  • Antecedente de cirurgia no tubo gastrointestinal superior.
  • Alcoólatras ou dependentes químicos.
  • Pacientes comedores de açúcar ou que se recusam a seguir a reeducação alimentar.
  • Pacientes em uso de aspirina, antiinflamatórios, anticoagulantes ou outros irritantes gástricos.

Complicações

  • Obstrução intestinal, que pode ocorrer nos casos em que o Balão esvazia espontaneamente e o paciente não procura o médico assistente. O Balão parcial ou totalmente vazio pode passar do estômago para o intestino delgado, seguindo até o cólon sendo eliminado junto com as fezes. Entretanto o Balão pode ficar bloqueado no intestino e provocar obstrução intestinal, cujo quadro clínico se manifesta por cólicas abdominais de forte intensidade acompanhada de parada de eliminação de gases e fezes e aumento de volume do abdômen, associados ou não a náuseas e vômitos. Esta complicação pode ser tratada por esvaziamento percutâneo do Balão (nos casos de esvaziamento parcial) ou a retirada do balão por endoscopia ou cirurgia em que o Balão é empurrado para o intestino grosso sem precisar abrir o intestino.
  • Náuseas e vômitos contínuos, secundários a uma irritação direta da parede gástrica.
  • Eructações fétidas, causadas pelos alimentos aderidos ao Balão. São tratadas pelo aumento da ingesta de líquidos ou ingestão de Coca-Cola Zero®.
  • Refluxo importante, geralmente relacionado com abuso alimentar.
  • Cólicas e desconforto abdominais causados pelo ar utilizado para distender o estômago.
  • Garganta irritada após o procedimento.
  • Aspiração de suco gástrico para os pulmões durante a endoscopia, causando tosse.
  • Reações alérgicas imprevistas
  • Angústia respiratória

Resultados:

  • Média de perda de peso depende fundamentalmente do engajamento do paciente no tratamento, seguir rigorosamente a reeducação alimentar e realizar atividade física regular. A expectativa média de perda de peso com o Balão é de cerca de 15% do peso corpóreo, podendo variar desde ausência de perda de peso até perda de mais de 30kg. A perda de peso depende também do peso inicial, idade, fatores genéticos, sexo (os homens tendem a ter uma perda de peso mais acentuada que as mulheres) e tipo de distribuição de gordura entre outros. Pacientes comedores de açúcar e alcoólatras não apresentam resultados satisfatórios. O que o paciente precisa entender é que o Balão ajuda a reduzir a fome e ficar saciado com pequena quantidade de alimento sólido, porém o Balão não tira a compulsão por comida, e todo o alimento ingerido será totalmente digerido e absorvido.
  • O uso de um segundo Balão só deve ser indicado se o paciente perdeu pelo menos 15% do excesso de peso, com o primeiro Balão.
  • Insucesso é considerado quando o paciente perde menos de 10kg ou menos de 10% do excesso de peso. O insucesso ocorre em cerca de 20 a 25% dos casos. A causa mais comum de insucesso é a ingestão de doces e de bebida alcoólica. Ninguém pode garantir que todos os pacientes irão obter um efeito benéfico com a utilização do Balão.