Prevenção

Constipação intestinal

Introdução

A constipação intestinal, também conhecida como prisão de ventre, não é uma doença, mas um sintoma e uma das queixas gastrointestinais mais freqüentes. Pode representar a manifestação de várias doenças. A causa pode ser um distúrbio metabólico, orgânico, um defeito da inervação do cólon ou estar relacionado ao uso de drogas. Entretanto na maioria dos pacientes, não se encontra nenhuma anormalidade específica.

A constipação ocorre mais freqüentemente acima dos 40 anos e é três vezes mais freqüente na mulher. É mais comum nas famílias de baixa renda e baixo nível educacional. Pacientes idosos são particularmente propensos a constipação pela diminuição dos tônus da musculatura, presença de doenças crônicas, debilidade e uso de medicações.

 

Definição

É impossível diagnosticar a constipação com base apenas na freqüência das evacuações.

O diagnóstico requer a presença de dois ou mais do sintomas abaixo por pelo menos três meses, consecutivos ou não, no último ano.

Esforço em pelo menos 25% das evacuações.

Fezes endurecidos ou fragmentadas em pelo menos 25% das evacuações.

Sensação de evacuação incompleta em pelo menos 25% das evacuações.

Sensação de o obstrução ou interrupção da evacuação em pelo menos 25% das evacuações.

Manobras manuais para facilitar em pelo menos 25% das evacuações.

Menos de 3 evacuar ações por semana.

Algumas pessoas se sentem constipadas quando não conseguem evacuar diariamente, outras quando as fezes são duras ou quando o volume das fezes é pequena ou quando fazem esforço para evacuar ou ainda quando a evacuação é dolorosa. De uma forma geral, deve-se sempre considerar a frequência das evacuações de cada indivíduo em particular como referência para a avaliação de seu sintomas.

O importante não é evacuar todo dia, uma vez que a frequência das evacuações varia de três vezes ao dia a três vezes por semana, o importante é que as fezes sejam normais, a evacuação ocorra sem esforço e a pessoa fique satisfeita.

 

Causas

1- Auto-induzidas: a mais frequente, geralmente associada a ingestão insuficiente de fibras ou inatividade física ou a retenção voluntária e não obediência ao reflexo da evacuação ou lesão dos nervos do cólon pelo uso crônico e abusivo laxantes. Estão relacionadas a hábitos alimentares e comportamentais inadequados.

2- Ambientais: associada à condições momentâneas de indisponibilidade de um banheiro ou a condições de trabalho desfavoráveis ou viagens ou ainda em pacientes acamados pela imobilidade. Constituem a causa mais comum da constipação transitória e geralmente resultam em normalização do hábito intestinal assim que se remova a condição ambiental desfavorável.

3- Idade avançada, doenças ou medicações: idosos – flacidez da parede do cólon e diminuição da resposta aos estímulos; doenças metabólicas ou sistêmicas – doenças da tireóide, doenças do metabolismo do cálcio, diabetes, insuficiência renal, doença de Chagas, doença de Parkinson, traumas no sistema nervoso central e medula e a outras; doença diverticular dos cólons; medicamentos – antidepressivos, antiespasmódicos, analgésicos opiáceos, anticonvulsivantes, antiácidos, anti-hipertensivos, antiinflamatórios e hipertensivos.

Especial atenção de ser dada aos idosos, principalmente os acamados e internados, quando a falta de atividade e o decúbito prolongado provocarão uma diminuição da atividade do intestino grosso. Devem ser acrescentados, a estas situações, os estados de má-nutrição, o efeito inibidor das doenças da tireóide, da depressão e da demência senil. Geralmente agravados pela dificuldade de evacuar quando desejam. O problema terapêutico mais importante é evitar a impactação fecal e a formação de um fecaloma retal (acúmulo no reto de fezes desidratadas).

4- Idiopáticas: de causa desconhecida, como os distúrbios motores do megacólon chagásico e não chagásico e da inércia colônica ou as que ocorrem na síndrome do intestino irritável ou secundárias a um defeito no mecanismo da evacuação que envolvem a musculatura pélvica e o esfíncter anal (prolapso retal, anismo, retocele, descida perineal e outras).

 

Diagnóstico

Uma vez definido o sintoma de constipação intestinal, a etapa inicial consiste na exclusão de causas orgânicas intestinais e sistêmicas.

Um início recente em pacientes idosos torna necessária a investigação de causas orgânicas como o câncer colorretal quando a presença de dor ou sangramento anorretal podem ser um indicativo.

Investigar se o início da constipação coincidiu com a introdução de algum medicamento.

Uma história longa, sem a associação precisa a nenhum fator específico é sugestiva de maus hábitos alimentares e comportamentais.

A avaliação deve sempre se basear na alteração em relação ao hábito intestinal prévio de cada indivíduo.

A anamnese, o exame físico geral e o exame proctológico apontam o diagnóstico etiológico em uma grande maioria dos casos. O toque retal, além de afastar causas orgânicas, permite uma avaliação inicial do estado funcional do aparelho esfincteriano e do esvaziamento retal. Esse exame deverá ser realizado em repouso, durante contração voluntária do esfíncter e até mesmo durante o esforço evacuatório, quando distúrbios como retocele, prolapso retal e síndrome da contração paradoxal do músculo puborretal (anismo) poderão ser diagnosticados ou suspeitados.

Avaliação Funcional

Realizada nos pacientes que apresentam um distúrbio idiopático grave e refratário, freqüentemente mulheres jovens com longa história de constipação grave associada ao tempo de trânsito colônico prolongado.

Existe ainda um grupo de pacientes de faixa etária variável com constipação associada à síndrome do cólon irritável, apresentando dor e distensão abdominal, eliminação de fezes em cíbalo e tempo de trânsito colônico normal ou pouco prolongado; finalmente, pacientes idosos e hospitalizados, apresentando redução da sensibilidade retal, impactação fecal e hipotonia esfincteriana.

A avaliação funcional do cólon, reto, e do ânus tenha recebido grande atenção da literatura, muitos serviços ainda não dispõem de um laboratório básico de fisiologia. Este inclui os seguintes exames: tempo de trânsito colônico, cinedefecografia, manometria anorretal, eletromiografia.

A constipação intestinal essencial está freqüentemente relacionada a vários distúrbios caracterizados por uma etiopatologia complexa e multifatorial, e se faz necessária uma associação de testes para uma avaliação de todos os aspectos envolvidos.

 

Tempo de Trânsito Colônico

A medida do tempo de trânsito colônico representa forma de abordagem inicial prática e objetiva da freqüência das evacuações. O método mais simples e de fácil interpretação requer a ingestão de 24 marcadores radiopacos incluídos em uma cápsula de gelatina. A eventual estase de marcadores ao longo do cólon pode ser avaliada por meio da quantificação dos mesmos em radiografias simples de abdômen.

Sob o ponto de vista prático, a realização de duas radiografias, no terceiro e quinto dias após a ingestão dos marcadores, é suficiente para determinar se o tempo de trânsito colônico total está prolongado (> 20% de marcadores presentes no quinto dia de estudo) e se existe estase segmentar. Esse método é simples de ser realizado, não dispendioso, bem tolerado pelo paciente e de fácil interpretação.

Nos pacientes com constipação intestinal essencial, o estudo do tempo de trânsito colônico permite a diferenciação de dois principais padrões de motilidade: a inércia colônica, o distúrbio difuso de motilidade, caracterizado por uma estase de marcadores ao longo do cólon, e a obstrução funcional terminal, quando, após trânsito normal nos cólons direito e esquerdo, ocorre acúmulo de marcadores no retossigmóide, devido a distúrbio isolado de motilidade nesse segmento. O diagnóstico diferencial desses distúrbios requer a correlação com outros exames, tais como a defecografia, a manometria anorretal e a eletromiografia anal.

 

Cinedefecografia

A cinedefecografia consiste no estudo da dinâmica da evacuação. O método inclui a introdução de contraste de consistência semelhante à das fezes no reto, até que o paciente experimente a sensação de plenitude retal. Após o enchimento do reto, a mesa é colocada na posição ereta, de 90º, e o paciente colocado na posição sentada em uma cadeira fixada à extremidade distal da mesa. Confortavelmente posicionado, o paciente é solicitado a evacuar a pasta baritada.

O papel principal da cinedefecografia é fornecer dados comparativos da dinâmica pélvica em um mesmo indivíduo. Assim, o seu valor reside no estudo comparativo entre as medidas da dinâmica pélvica nas situações de repouso, contração máxima voluntária do assoalho pélvico e durante a evacuação. Adicionalmente, com o auxilio da fluoroscopia e do vídeo, várias alterações morfológicas podem ser atualmente diagnosticadas. Entre elas, destacam-se a síndrome da contração paradoxal do músculo puborretal, a síndrome do períneo descido, a retocele, a intussuscepção retoanal, a enterocele e a sigmoidocele.

 Manometria anorretal e Eletromiografia

Na constipação intestinal essencial, o principal valor está no diagnóstico da síndrome de contração paradoxal do músculo puborretal – anismo. Ambas, e a cinedefecografia, apresentam sensibilidade e especificidade comparáveis, as quais são individualmente boas.11 Entretanto, a cinedefecografia deve ser o exame inicial de escolha, uma vez que é indolor e provê também informação útil quanto ao esvaziamento retal.

Em recente estudo prospectivo de 180 pacientes com constipação intestinal crônica refratária, observou-se que é possível chegar a um diagnóstico final em 75% dos casos, o qual incluiu: contração paradoxal do músculo puborretal (33%), inércia colônica (17%), retocele (110%), intussuscepção retoanal (10%) e sigmoidocele (5%). É possível que pelo menos parte dos 25% dos pacientes que permanecem sem diagnóstico final represente pacientes com queixas intermitentes, pacientes insatisfeitos com o hábito intestinal (constipação factícia) ou com sintomas relacionados a distúrbios psicológicos.

O enema opaco e a colonoscopia são exames de fundamental importância nessa etapa inicial, principalmente nos pacientes acima de 40 anos com história de anemia ou sangramento retal.

A inclusão de outros exames específicos para pesquisa de doenças orgânicas como a diabetes, problemas da tireóide e outras são indicados pelo quadro clínico.

 

Complicações

Se a constipação intestinal não for tratada adequadamente, a longo prazo, pode evoluir e gerar novas e grandes complicações para o organismo, como descrevemos a baixo:

Diverticulose: saculações do revestimento interno do intestino para fora de suas paredes.

Hemorróidas: dilatações tortuosas dos vasos sanguíneos da região anal, que podem sangrar, além de causar dor e coceira, provocada por fezes ressecadas e esforço exagerado ao evacuar.

Fissuras anais: pequenos “cortes” na região anal, provocada por fezes ressecadas e esforço ao evacuar, gerando dor, sangramento e ardência ao evacuar.

Câncer do Intestino: a constipação intestinal também esta relacionado com o aumento das possibilidades de desenvolver câncer do intestino, devido ao aumento do tempo do trânsito intestinal e e conseqüênte aumento da formação e no contato de substâncias cancerígenas encontradas nas fezes com as paredes do intestino grosso, além da alteração da flora intestinal.

Incontinência Fecal: a longa história de constipação com prolongado esforço evacuatório leva a descida excessiva do períneo e flacidez pélvica. Em graus extremos de descida, o períneo se abaula durante o esforço evacuatório e o aumento da pressão intra-abdominal acarreta balonização do reto, mas não propulsiona o bolo fecal distalmente. Isso acarreta uma constante sensação de evacuação incompleta, que resulta em esforço evacuatório adicional. A conseqüência mais imediata é o obstáculo à defecação, e, mais tardiamente, a incontinência fecal.

 

Tratamento

Uma vez que a avaliação inicial tenha afastado um possível causa orgânica institui-se um e a esquema terapêutico inicial durante trinta dias, o qual inclui dieta rica em fibra, permite excluir as formas menos graves e relacionadas à deficiência de fibra na dieta, responsável por grande parte dos casos. Em boa parte dos casos, as medidas dietéticas e comportamentais não resultaram no efeito desejado, pois implicam em mudanças nos hábitos de vida e o pacientes frequentemente retorna com os antigos hábitos após a normalização das evacuações.

O uso abusivo e crônico de laxantes, principalmente nos idosos, torna esses pacientes mais difíceis de tratar. A fisiologia normal pode levar semanas para retornar ao normal.

Incrementadores do bolo fecal: são substâncias que retêm água, aumentam o volume fecal, diminuindo sua consistência e facilitando a evacuação. Podem ser usadas mesmo na presença de um intestino inflamado. São as fibras alimentares e podem ser usado por tempo indeterminado. As fibras podem ser solúveis e insolúveis.

Esta recomendação deve ser sempre acompanhado pela advertência, de que a ingestão de preparados de fibras, deve ser sempre acompanhado de um aumento no consumo de líquidos até atingir os 1,5 a 2 litros por dia, para evitar a impactação fecal e conseqüente agravamento da constipação.

A ingestão de fibra alimentar recomendada em um adulto é de aproximadamente 25 a 30 g por dia.

Lubrificantes: são substâncias oleosas que facilitam o deslizamento das fezes. Risco de aspiração nos de idosos e diminuir a absorção de vitaminas e lipossolúveis. Não são recomendadas para o uso prolongado. O mais comum é o óleo mineral.

Agentes osmóticos: são substâncias que retiram a água do sangue e da luz intestinal. Sais de magnésio e os açúcares inabsorvíveis como a lactulose, o sorbitol e o PEG 4.000. Os inconvenientes são o custo e o risco de desenvolvimento de distensão e flatulência devido a fermentação destes açúcares pelas bactérias do cólon.

Laxantes: são substâncias que aumentam a motilidade intestinal. Tais como senna, cáscara-sagrada, fenolftaleína e bysacodil, pode levar a complicações, como a destruição do plexo mioentérico e o cólon catártico e portanto devem ser evitados.

 

CUIDADOS A SEREM SEGUIDOS PELO PACIENTE

Procure criar o hábito de “estar na hora de evacuar” no lugar de “estar com vontade” e caso a tenha, tente sempre atendê-la. Dê preferência após a primeira refeição da manhã, sendo esta mais volumosa com o acréscimo de frutas e sucos naturais, germe ou farelo de trigo e/ou aveia (faça vitaminas: 2 colheres de sopa). Fique cerca de 5 minutos, sempre evitando o esforço desnecessário e a leitura, concentre-se no ato evacuatório.

Beba líquido em abundância. Inclua em sua dieta água e sucos naturais, na quantidade mínima de dois litros diários, distribuídas em 5 a 6 tomadas e de preferência longe das refeições.

Evite ou use com moderação: condimentos (molhos picantes, vinagre, pimenta, pimentão, picles, catchup, mostarda, etc.), frutos do mar, cafés, enlatados e conservas, tomates e derivados, bebidas gasosas e alcoólicas fermentadas (champanhe e vinho do porto principalmente), leite e derivados, carne e gordura de porco. Tortas, biscoitos, bolos, doces, chocolate, castanhas em geral, amendoim, coco, avelãs e nozes.

Faça exercícios. Comece andando ou nadando durante 30 a 40 minutos, no mínimo 3 vezes por semana.

Condiloma Anal

Condiloma anal é uma doença sexualmente transmissível (DST), causada por Papiloma vírus humano, doença conhecida pela sigla HPV.
 
O condiloma anal é uma doença caracterizada pelo aparecimento de verrugas no ânus, que geralmente são moles e úmidas podendo ser vermelhas ou rosadas.
 
Esta doença sexualmente transmissível se manifesta de 1 a 6 meses após a infecção, ou seja, o ato sexual com parceiro portador, e se desenvolve rapidamente em mulheres grávidas, em portadores do vírus da AIDS ou em pessoas que apresentam qualquer tipo de deficiência no sistema imunitário.
 
O diagnóstico do condiloma anal se faz através da observação das verrugas pelo médico e o tratamento local pode ser feito s através de tratamento com laser, crioterapia, ou cirurgia utilizando anestesia local. Outra alternativa é a aplicação de substâncias químicas como Toxina Purificada ou Ácido Tricloroacético diretamente sobre as verrugas, técnica que requer a aplicação durante vários meses, costuma queimar a pele e são relatadas falhas com bastante frequência.
 
Por ser uma doença viral, as verrugas anais costumam reaparecer, precisando de um novo tratamento sempre que reparecerem.
 
Os médicos especialistas aconselham que todos os parceiros sexuais do portador do HPV sejam examinados e tratados se forem diagnosticados com a doença.
 
Período de Incubação
Semanas a anos. (Como não é conhecido o tempo que o vírus pode permanecer no estado latente e quais os fatores que desencadeiam o aparecimento das lesões, não é possível estabelecer o intervalor mínimo entre a contaminação e o desenvolvimento das lesões, que pode ser de algumas semanas até anos ou décadas).
 
Tratamento
 
Os tratamentos disponíveis são locais (cirúrgicos, quimioterápicos, cauterizações etc) e visam somente a remoção das lesões (verrugas, condilomas e lesões do colo uterino). As recidivas (retorno das lesões) podem ocorrer e são freqüentes, mesmo com o tratamento adequado.
Eventualmente, as lesões desaparecem espontaneamente.
Não existe ainda um medicamento que erradique o virus, mas a cura da infecção pode ocorrer por ação dos mecanismos de defesa do organismo. 
Já existem vacinas para proteção contra alguns tipos específicos do HPV, estando as mesmas indicadas para pessoas não contaminadas.
condiloma-anus

Procidência do Reto ou Prolapso Retal

Prolapso é a protrusão do intestino através do canal anal. O segmento protruso
pode ser constituído somente pela mucosa, dito prolapso mucoso, ou por todas as capas
do intestino, dito procidência. O prolapso mucoso dos adultos está sempre relacionado a
alguma patologia, como a doença hemorroidária, por exemplo. Em crianças ele ocorre
independente de patologia ano-retal evidente.
O exame proctológico , a manometria ano-retal e a eletromiografia mostram que
estes pacientes têm alterações anatômicas e funcionais importantes dos músculos do
diafragma pélvico e dos esfínteres anais. Há sempre grande hipotonia muscular e
incontinência sugerindo que a falta de apoio facilita a saída do reto pelo ânus.
Achamos que , no momento, a melhor interpretação, combina as três teorias
expostas acima. Resta esclarecer onde o processo realmente se inicia e qual o fator
desencadeante primário.
Os pacientes portadores de procidência do reto, em sua maioria, são incontinentes,
havendo características histopatológicas de denervação do músculo elevador do ânus e
dos esfínteres. Estas alterações não se encontram nos pacientes que ainda se mantém
continentes. Resta a duvida se estas alterações são primarias ou secundárias à
procidência.
Fatores de aumento de pressão intra-abdominal, como constipação ou diarréia, são
considerados predisponentes da procidência do reto, bem como a história de muitos partos
e operações pelvi-perineais.É freqüente a concomitância de prolapso de útero, vagina e bexiga como parte do comprometimento da estática pélvica. Além destes, a literatura médica sobre o assunto cita com freqüência a doença mental como fator associado à procidência.

Exame físico
A simples inspeção costuma ser suficiente para que seja identificada uma
procidência do reto. A mucosa do segmento exteriorizado apresenta-se congesta,
recoberta de muito muco, às vezes ulcerada, e tem pregas caracteristicamente
concêntricas, não evidentes quando há muito edema. Os músculos do diafragma pélvico
são totalmente hipotônicos, e o ânus se mantém aberto mesmo com a massa procidente
reduzida ao interior da pelve. Nas fases iniciais da doença pode ser necessário solicitar ao
paciente que faça um esforço evacuatório em posição agachada para que o reto se
exteriorize.
Ao toque retal não há contração dos esfínteres e a palpação bi-digital evidencia que
a metade anterior da procidência é mais espessa pela presença do fundo de saco
peritonial. Este pode conter alças de intestino delgado que eventulamente podem
encarcerar e evoluir para obstrução intestinal alta.
A procidência do reto pode se apresentar gangrenada constituindo uma emergência
cirúrgica.
É importante a diferenciação entre a procidência do reto e o prolapso mucoso.

 

prolapso_retal

 

Procidência do reto
 
Tratamento:
    A procidência do reto é melhor tratada por cirurgia, uma vez que esta patologia não
responde a medidas de controle clínico. O procedimento deve preferencialmente impedir
exteriorização do reto bem como restabelecer a funcionalidade do mecanismo
esfincteriano anal que está bastante comprometido nestes casos.
    O objetivo geral de qualquer técnica cirúrgica para controlar a procidência é
desenvolver um método mecânico que impeça a saída do intestino através da fenda anal.
    As opções para obter este resultado incluem a fixação do reto à pelve, a ressecção do
segmento exteriorizado e o estreitamento do ânus.

Hemorróidas Externas

A hemorroidectomia é o tratamento mais eficaz no que diz respeito ao desaparecimento dos sintomas hemorroidários. Em função dos resultados que dá no tocante ao alívio das queixas dos pacientes, é a forma de tratamento contra a qual todos os outros métodos de controle de hemorróidas devem ser comparados. Não fossem o desconforto pós-operatório (dor, produção de secreções anais fétidas, retenção urinária) e as complicações que envolvem a adoção desta forma de terapia (hemorragia secundária, fissura anal, abscesso/fístula anal, plicomas, pseudopólipos, cistos epidérmicos, estenose anal, incontinência) ela seria seguramente mais empregada do que é atualmente.
Dentre as diversas formas de hemorroidectomia, três são as mais empregadas no mundo inteiro ainda na atualidade: a hemorroidectmia aberta, a semi-aberta e a fechada. Nas três, o tempo inicial da operação é o mesmo, ou seja, o descolamento do coxim vascular com seu componente externo associado e ligadura transfixante suprapectínea de sua base. Na técnica aberta, as feridas são feitas em formato de raquete, com o cabo da mesma voltado para o orifício anal (entre outras razöes, para assegurar que a ferida do canal anal cicatrize antes da cutânea, para evitar a formação de fissuras anais pós-operatórias), e são deixadas abertas para cicatrizar por segunda intenção. Tais feridas cicatrizam em média em 30 a 45 dias. Na técnica semi-fechada, a mucosa é reaproximada até a altura da linha pectínea e, daí para fora, a ferida é deixada aberta como na técnica anteriormente descrita. nela as feridas cicatrizam dentro de 21 a 30 dias. Na técnica fechada, as hemorróidas são retiradas por descolamento subcutaneomucoso a partir de incisões lineares sobre a substância dos coxins vasculares hipertróficos. Sendo os componentes vasculares das hemorróidas retirados, a pele e a mucosa do canal anal são reaproximadas com um chuleio contíneo de fio absorvível sintético pouco reativo. Na técnica fechada, quando não ocorre deiscência das feridas cirúrgicas anais, as mesmas cicatrizam por completo em 7 dias. Em cada uma das três técnicas retira-se no máximo os três mamilos hemorroidários principais, tendo-se o cuidado de se deixar pontes cutaneomucosas interpostas entre as feridas, com no mínimo 1 cm de largura, para evitar a estenose anal pós-operatória.

Hemorróidas internas

O que é?
É um cochim vascular formado por vasos sangüíneos (aterias e veias) e tecidos conectivos de sustentação dessa estrutura localizado no canal do ânus. Com a evolução da doença, esse tecido de sustentação torna-se flácido e permite que as hemorróidas dilatem e fiquem frágeis.

Quais são os sintomas?
Dentro desse quadro os sintomas mais comuns são o sangramento vermelho vivo, que pinga ou suja o papel higiênico, prolapso, com exteriorização das hemorróidas, saída de muco, sensação de peso. Normalmente não há dor – exceto em casos de complicações.

Por que?
Sua origem é multifatorial, mas certamente, está muito ligada a constipação intestinal pelo esforço evacuatório crônico que leva a ruptura do tecido de sustentação do plexo hemorroidário.

O que fazer?
Realizar consulta com o médico especialista. No caso de haver sangramento, sempre que possível, deve-se fazer avaliação e excluir neoplasias.

O tratamento:
É indicado conforme o avanço da doença e sintomas.

1ª e 2ª graus geralmente respondem bem ao tratamento medicamentoso. Cremes a base de corticóides e analgésicos, banho de assento e emolientes do bolo fecal;

2ª e 3ª ligadura elástica e injeção de esclerosantes.

No caso de falha do tratamento ou hemorróidas grandes está indicada a cirurgia – hemorroidectomia.
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Externas           /          Internas
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Fissura

O que é: 

A fissura anal é uma ferida (como um corte) na margem do ânus. Ocorre, geralmente, como resultado de um trauma inicial, normalmente e na maioria das vezes causado pelas fezes muito duras que ferem o tecido que recobre o canal anal ou por prática sexual.

Quais são os sintomas?

O paciente sente dor no ânus no momento da evacuação, dor esta que persiste desde alguns minutos, até, às vezes, horas. A dor pode aliviar sem medicação mas, em algumas ocasiões, é necessário o uso de analgésicos, tal sua intensidade. É comum que aconteça sangramento no momento da evacuação ou durante a higiene. Em geral é de pequena quantidade, algumas gotas de sangue cessando habitualmente após a evacuação. Facialmente identificados na higiene.

O que fazer:
Realizar consulta com o médico especialista. No caso de haver sangramento, sempre que possível, deve-se fazer avaliação e excluir neoplasias.

O tratamento:


Inicialmente as fissuras ditas agudas podem ser tratadas com pomadas e cremes, além de analgésicos para o alívio da dor. Os casos de mais longa data, ditos crônicos, possivelmente não responderão ao tratamento clínico, e nesse caso, está indicada a cirugia que obtêm ótimos resultados.

         

Plicoma Anal

ntrodução:

O plicoma representa um espessamento, uma hipertrofia da pele perianal normal em resposta a um processo inflamatório crônico. Assim não correspondem a uma hemorróida verdadeira. Geralmente resulta da ingurgitação perianal provocada por uma trombose hemorroidária externa.

  

Quadro clínico:

A presença de dor, sangramento ou prurido sempre leva à procura de uma causa específica ( hemorróidas, prurido crônico, fissura, fístula, etc.) e o seu tratamento leva a resolução do processo na maioria dos casos e quando não é observada e realiza-se a simples exérese cirúrgica do plicoma certamente não aliviará os sintomas do paciente. Após afastar outras causas e persistindo as inflamações repetidas que levam a dor e inchaço ou dificulta a higiene anal, o tratamento cirúrgico destas lesões é uma obrigação.

Tratamentos:

Tratamento conservador: É a opção na maioria das vezes, uma vez que a maioria responde bem. Medidas gerais do pós-operatório das cirurgias anorretais. Dieta, analgésicos, laxantes e cuidados locais.  

Tratamento cirúrgico: Quando o conservador falha ou o paciente deseja livrar-se imediatamente do problema. Sob anestesia local, realiza-se a excisão do plicoma com uma tesoura ou um eletrocautério e a ferida pode ou não ser suturada, com resultados satisfatórios e baixo risco de infecção.

Abscesso Anal

O abscesso anorretal é um processo inflamatório agudo da região anal, e geralmente é a primeira manifestação de uma fístula anorretal. A fístula anorretal é um trajeto (“túnel”) que se forma entre a parede anorretal e os tecidos vizinhos devido à obstrução de ductos glandulares do canal anal, com o objetivo de drenar (eliminar) um processo infeccioso.
    Os abscessos anorretais podem ser decorrentes de outras condições, como: trauma, câncer, radiação, queda da imunidade (AIDS, leucemia), dermatite, tuberculose, doença de Crohn (doença inflamatória intestinal) e fissura anal.
    Abscessos e fístulas anorretais ocorrem mais comumente em homens do que mulheres, na proporção de dois homens para cada mulher. No momento do diagnóstico, dois terços dos pacientes estão entre a terceira e quarta décadas de vida.
    
    O abscesso pode ter vários tipos de causas como:
Glândulas anais bloqueadas (cripto-glandular) = principalcausa
Fissura ou infecção anal
Infecções sexualmente transmissíveis
As causas também podem ser baseadas em fatores de risco como:
Diabetes
Diverticulite
Doença Pélvica
Colite
Doença de Crohn
    Sintomas:
    O abscesso é identificado como um abaulamento muito doloroso na região ao redor do ânus, e que causa grande desconforto ao evacuar e sentar. Este abaulamento é muito visível nos abscessos mais superficiais, mas não é tão evidente nos mais profundos. Nestes últimos, a valorização da queixa dolorosa do paciente é a chave para um diagnóstico correto.
    No caso do abscesso que ocorre dentro da parede do canal anal, ocorre dor retal e anal, sendo que esta é exacerbada com a evacuação. O paciente também refere a sensação de reto “cheio”, podendo haver a saída de pus e muco. O toque retal mostra a presença do abaulamento dentro do canal anal. Este tipo de abscesso dever ser sempre diferenciado da trombose hemorroidária interna, que também é dolorosa e protuberante no canal anal.
    O pus geralmente está presente no interior dos abscessos, o que pode ser comprovado com uma simples punção com agulha no próprio consultório. A presença do pus confirma o diagnóstico e indica a necessidade de drenagem cirúrgica. A febre pode estar presente, mas não é uma regra.
    O exame físico revela uma área endurecida, quente, com vermelhidão e muito dolorosa ao toque. Em alguns casos, é até possível observar um local de saída de secreção purulenta. No entanto, não devemos esquecer que nos abscessos mais profundos a história clínica pode ser mais evidente do que o exame físico.
    Nos casos de difícil diagnóstico, o cirurgião pode sugerir a realização de exames de imagem, como a ultra-sonografia, a tomografia computadorizada ou a ressonância magnética, que identificarão o local e a extensão do abscesso.
    Também está indicada a realização de hemograma, para a avaliação do grau da infecção, e de glicemia, devido ao risco de diabetes associada.
    Tratamento:
    O tratamento é cirúrgico, e assim que se identifica o abscesso, este deve ser drenado (esvaziado). Após a retirada do material purulento, realiza-se a lavagem da região como soro ou solução anti-sséptica. Nos casos mais graves, há a necessidade de se manter um dreno por alguns dias (24 a 72 horas), até que toda a secreção residual seja eliminada. Em alguns casos, pode ser realizada a lavagem da cavidade drenada através do dreno.
    No período pós-operatório, o paciente deve realizar banhos de assento com água quente, já que este tem um efeito antiinflamatório.
    Os pacientes também deverão fazer uso de antibióticos, principalmente naqueles em que há história de diabetes, doença cardíaca valvular e imunossupressão.
    Quanto ao tratamento da fístula anorretal, alguns cirurgiões apresentam a tendência a tentar identificar o trajeto fistuloso no momento da drenagem do abscesso. Na minha opinião, este é um risco, já que como a área se encontra muito inflamada, a chance de identificação correta do trajeto é de 35 a 40%, e um erro na avaliação pode “criar” um novo trajeto. Sendo assim, prefiro que o paciente apresente a cicatrização do abscesso e que se defina o trajeto fistuloso. Desta forma, a cirurgia para o tratamento da fístula pode ser realizado em outra data e de forma mais segura e definitiva.