Author: Dr.Danilo Benítez

Angiodisplasias

INTRODUÇÃO

O termo Angiodisplasia ainda existe uma considerável confusão acerca da exata natureza destas lesões, e não raramente elas são referidas como má-formações arterio-venosas, hemangiomas, teleangiectasias e ectasias vasculares.

As lesões da angiodisplasia em geral possuem menos de 5mm de tamanho e podem ser solitárias ou múltiplas. Ao contrário de outras lesões vasculares neoplásicas ou congênitas, a angiodisplasia não costuma associar-se a alterações angiomatosas na pele ou em outras vísceras.

Apesar da prevalência significativa (0,8% em indivíduos acima de 50 anos de idade), os mecanismos fisiopatológicos associados à angiodisplasia ainda são desconhecidos. Felizmente, 90% dos eventos hemorrágicos costumam ser auto-limitados. A mortalidade, quando ocorre, relaciona-se à severidade da hemorragia, à presença de instabilidade hemodinâmica, à idade e à presença de comorbidades.

 EXAME DO PACIENTE

Boa parte dos portadores é assintomática. Menos de 10% deles relatam episódios hemorrágicos – em geral indolores. Uma vez que as lesões podem estar localizadas ao longo de todo intestino, e dado que o sangramento pode ser discreto ou oculto, as manifestações podem variar desde hematêmese até hematoquezia, melena (fezes tipo borra de café) ou anemia ‘de causa obscura’ decorrente de hemorragia crônica. Apesar do caráter benigno, cerca de 15% dos pacientes podem apresentar hemorragia aguda maciça.

O exame físico deve incluir uma avaliação dos parâmetros hemodinâmicos e da possível origem da hemorragia. Alguns pacientes podem apresentar taquicardia, hipotensão postural, anemia ou instabilidade hemodinâmica franca (15%).

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Polipectomia Endoscópica

A Colonoscopia vem se estabelecendo como método diagnóstico e terapêutico das afecções colônicas, em especial nas lesões polipóides e neoplásicas.

Conceitua-se pólipo como uma estrutura tecidual que se projeta acima da superfície mucosa do trato digestivo, de forma regular e circunscrita. Pode aparecer como lesão plana ou ligeiramente elevada, séssil, subpediculada ou pediculada ,de acordo com a implantação na mucosa.

Sabendo que as lesões polipóides podem ser precursoras de neoplasias, os pólipos adenomatosos destacam-se por apresentarem potencial de malignização ao redor de 10%, de acordo com a seqüência adenoma-carcinoma.

Portanto, todos os pólipos devem ser removidos ao serem identificados na videocolonoscopia, independente do tamanho da lesão ou de seu aspecto macroscópico.

Histologicamente, os pólipos podem ser neoplásicos (adenomas e estromas malignos) ou não neoplásicos (hamartomas, inflamatórios, hiperplásicos e estromas não-malígnos). Os pólipos adenomatosos dividem-se em: tubulares, túbulo-vilosos e vilosos, tendo os adenomas vilosos  índice de malignização de até 40% dos casos. O epitélio, se comprometido, pode mostrar atipia leve, moderada ou intensa, esta última  denominada carcinoma in situ.

A polipectomia pode ser curativa, mas quando houver invasão tecidual ou o pedículo estiver comprometido, o tratamento deve ser complementado por ressecção cirúrgica. Posteriormente à polipectomia, o paciente deve ser acompanhado com seguimento videocolonoscópico, devido à possibilidade de recidiva ou novas lesões.

 

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Retossigmoidoscopia

O exame de Retosigmoidoscopia objetica examinar a parte final do tubo digestivo: o ânus, o reto e o cólon sigmóide. è um exame rápido, geralmente feito sem sedação ou com uma sedação leve, para melhor conforto do paciente. pelo ânus se introduz o aparelho de retosigmoidoscopia que penetra em torno de 20cms. É um exame crucial na avaliação inicial dos sangramentos pelo intestino, dores no baixo ventre ou alteração do funcionamento do intestino. Tal como a endoscopia alta é possível a realização de biópsias.

Teste da Urease

Devido à facilidade, rapidez, baixo custo e eficiência, o teste da urease pode ser considerado o recurso mais importante dos endoscopistas para o diagnóstico da presença do H. pylori, na prática diária.

O fragmento da mucosa gástrica é colocado em frasco contendo uréia e vermelho fenol como indicador de pH. Graças à grande produção da enzima urease pelo H. pylori a uréia é desdobrada em CO2 e amônia, aumentando o pH e mudando a cor da solução de amarela para avermelhada.
O teste é considerado positivo quando a mudança de cor aparece em até 24 horas. Vários trabalhos concordam que esse método tem sensibilidade variando entre 93% e 97% e especificidade em torno de 98%.

Endoscopia Digestiva Alta – EDA

Suas indicações e aplicabilidades na clínica diária:

É atualmente o principal método de diagnóstico das doenças orgânicas do esôfago, estômago e duodeno. Permite não só o diagnóstico das doenças, mas também a coleta de material para estudo (biópsia) ou até o seu tratamento (p.ex. polipectomia).

 

O exame

O preparo é feito com aplicação de spray anestésico na orofaringe. Em seguida o paciente recebe um sedativo endovenoso e o exame é realizado pela introdução suave, através da boca, de um tubo endoscópico fino e flexível, que permite o estudo detalhado do interior do esôfago, estômago e duodeno. O exame é geralmente bem tolerado, durando cerca de 15 minutos. Permite a realização de biópsias para estudo complementar histopatológico.

endoscopia endoscopia2

 

Preparo prévio

Jejum de 8 horas para alimentos sólidos.

Comparecer no dia e hora marcados acompanhado (a) obrigatoriamente por um adulto.

Se possível, trazer o laudo das endoscopias realizadas anteriormente.

Traga sua medicação habitual para tomar, se necessário, após o exame. Caso seja necessário tomar antes do exame, o faça com um pouco d’água até 4 horas antes do exame.

 

Cuidados pós-exame

Não deverá dirigir nem realizar nenhuma tarefa que exija reflexo ou atenção contínua nas 6 horas que se seguem ao exame. Lembre-se que você estará sedado e estes medicamentos diminuem os reflexos edeixará um pouco sonolento.
Evitar alimentos de difícil digestão como gorduras, frituras e que contenham condimentos em excesso.

Colonoscopia

1) O QUE É A COLONOSCOPIA?

A colonoscopia é um exame endoscópico que permite a visualização do interior de todo o cólon. O instrumento utilizado é um tubo flexível com cerca de um metro de comprimento e um centímetro de diâmetro. Na extremidade final desse tubo existe uma mini camera de TV, que transmite para um monitor colorido, as imagens do interior do cólon e do íleo-terminal (parte final do intestino fino). Essas imagens são fotografadas e impressas ao final do exame.

colonoscopia

 

Porque a colonoscopia é importante?
Uma colonoscopia permite que o médico detecte o câncer de cólon precocemente e permita sua cura.
Outras doenças do cólon incluem doenças inflamatórias, infecções ou divertículos. Podem levar à diarréia e possível sangramento. Algumas dessas doenças podem levar ao câncer de cólon e costumam ser mais facilmente tratadas quando diagnosticadas no início.

Quem deve fazer?
Deve procurar um médico para avaliar a necessidade de colonoscopia quem:

Tem sangramento nas fezes

Tem parentes próximos que têm ou tiveram câncer de cólon

Já teve pólipos no cólon, estômago ou duodeno

É ou foi portador de doenças inflamatórias do cólon

 

2) É NECESSÁRIO ALGUM PREPARO?

Durante o procedimento endoscópico, o cólon precisa estar completamente limpo, isto é, isento de fezes e resíduos alimentares. Partículas de fezes ou de alimentos interferem na visualização adequada e na segurança do exame. Assim, na véspera, você deverá alimentar-se apenas com dieta líquida e fazer uso de um laxativo. Esse preparo inicial, será complementado na manhã do exame, no quarto do hospital, com 4 a 5 copos de um produto chamado Manitol. Após 2 a 3 horas, esse líquido ingerido será eliminado pelos intestinos, deixando-os limpos e em condições de a colonoscopia ser iniciada. Raramente, e em casos selecionados, esse preparo pode ser complementado ou ser feito, exclusivamente, por lavagem intestinal.

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Cólon com preparo adequado

 

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Resíduos de fezes sólidas na luz do cólon

 

3) DEVO INTERROMPER O USO DE ALGUM MEDICAMENTO ?

A maioria dos medicamentos usada, habitualmente, por você, pode ser continuada. Porém, alguns precisam ter seu uso interrompido 2 a 3 dias antes, principalmente, aqueles ricos em fibras (Ex: Metamucil, Fibrax) e aqueles contendo ferro.
Se você faz uso crônico de aspirina, persantin, antiinflamatórios, anticoagulantes, insulina, deverá discutir com o seu clínico, sobre a possibilidade de interrompê-los alguns dias antes.
Por fim, informe se tem algum tipo de alergia, problemas nas válvulas cardíacas e/ou no fígado, ou próteses ortopédicas.
4) É NECESSÁRIA A INTERNAÇÃO?

A colonoscopia costuma ser realizada em hospital, em regime ambulatorial, isto é, não há necessidade de internação. Você ficará em um quarto com banheiro privativo e com direito a acompanhante, sob os cuidados de uma equipe de enfermagem especializada. Raramente, pode haver necessidade da internação.

 

5) VOU SENTIR DOR?

Não! No máximo, você sentirá algum desconforto abdominal. Para minimizá-lo, você será medicado, por via endovenosa, imediatamente antes de iniciar o exame, com um sedativo associado a um analgésico, em pequenas doses, suficientes para mantê-lo tranqüilo e colaborativo. Raramente pode haver a necessidade de uma sedação mais profunda, que será feita por um anestesista. Em crianças menores de 4 anos, o procedimento é realizado sob anestesia geral e superficial.

 

6) POSSO IR DESACOMPANHADO?

Não é recomendável. Os medicamentos utilizados durante a colonoscopia provocam uma diminuição de seus reflexos de atenção por algumas horas. Assim, você não deverá sair sozinho e, principalmente, não deverá dirigir qualquer tipo de veículo.

 

7) COMO É O PROCEDIMENTO ENDOSCÓPICO ?

A colonoscopia é realizada, habitualmente, numa sala apropriada, do Serviço de Endoscopia do hospital. Você será posicionado, confortavelmente, numa maca, deitado sobre o seu lado esquerdo. Um monitor será fixado em um de seus dedos da sua mão, para controlar seus batimentos cardíacos e a concentração de oxigênio do seu sangue.
Após a administração dos medicamentos tranqüilizantes, será realizado um toque retal para relaxamento dos esfíncteres anais, seguido da introdução do aparelho. Esses procedimentos são indolores.
Após posicionamento apropriado, o aparelho será introduzido suavemente através dos segmentos cólicos, permitindo o exame cuidadoso de toda a mucosa. Para melhorar a visualização, é necessário injetar pequenas quantidades de ar dentro do intestino, o que pode causar um pouco de cólica. Quando isso ocorre, esse ar é retirado através do próprio aparelho, aliviando a distensão. Por fim, para facilitar a progressão do aparelho, você pode ser solicitado a mudar de posição e ficar deitado de costas.
Todo esse procedimento é auxiliado por uma enfermeira especialmente treinada.

 

8) E SE O EXAME NÃO FOR NORMAL?
Se, a colonoscopia revelar alguma alteração na mucosa, uma pinça de biópsia pode ser introduzida por um canal do aparelho até a sua extremidade final a fim de retirar alguns fragmentos do tecido alterado e enviá-los para a análise de um patologista. Lembre-se que, biópsias podem ser feitas por várias razões, como para inflamações e úlceras, não significando, necessariamente, suspeita de câncer.
Além disso, se durante a colonoscopia for identificado algum local com sangramento ativo, este pode ser controlado através de coagulação ou de injeção de substâncias esclerosantes introduzidas através do próprio aparelho. Por fim, se pólipos forem encontrados, eles deverão ser removidos. Mais uma vez, vale salientar que esses procedimentos são totalmente indolores.

 

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Biópsia da mucosa

 

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Polipectomia

 

9) E APÓS A COLONOSCOPIA?

Após o exame, você retornará para o seu quarto. Lá, permanecerá por mais ou menos uma hora e meia, até diminuir os efeitos do sedativo. Nesse período, você poderá sentir o abdômen um pouco distendido e com cólicas. Esse desconforto desaparecerá assim que você eliminar os gases que foram injetados no seu cólon durante o exame. Ainda no quarto, lhe será servida uma dieta leve. Quando estiver bem recuperado, você receberá a visita do seu médico colonoscopista o qual, após examiná-lo, lhe dará as últimas informações e orientações antes da alta. Em sua casa, poderá alimentar-se normalmente. Porém, a ingestão de bebidas alcoólicas deverá ser evitada durante as próximas 12 horas. O relatório dos procedimentos estará a sua disposição, 48 a 72 horas após. Lembre-se que você deve sair acompanhado.

10) ESSES PROCEDIMENTOS SÃO PERIGOSOS?

Todo procedimento médico envolve algum risco. As complicações decorrentes da colonoscopia e da polipectomia são muito raras quando realizadas por um profissional experiente e especialmente treinado. A combinação dessa experiência, com a sua colaboração e com os modernos equipamentos utilizados, torna a colonoscopia diagnóstica e terapêutica um procedimento simples e seguro.

 

11) QUAIS SÃO AS CONTRA-INDICAÇÕES DA COLONOSCOPIA?

As contra-indicações da colonoscopia podem ser absolutas ou relativas. A colonoscopia deve ser contra-indicada de maneira absoluta quando um paciente apresentar qualquer suspeita clínica ou radiológica de abdômen agudo perfurativo, ou de diverticulite aguda ou de megacólon tóxico. A polipectomia está contra-indicada quando o preparo do cólon não estiver adequado, devido ao risco de explosão gasosa.
Outras contra-indicações da colonoscopia são relativas, sendo as mais importantes:

Infarto recente do miocárdio,

Embolia pulmonar recente,

Neutropenia importante,

Gravidez após o 2o semestre,

Grande aneurisma de aorta ou de ilíaca,

Grande esplenomegalia,

A polipectomia deve ser adiada para uma ocasião mais propícia nos pacientes com coagulopatias ou que fazem uso de drogas anticoagulantes.

Doença Diverticular

1. Definições

Divertículo:

• Uma protrusão sacular da mucosa através da parede muscular do cólon

• A protrusão ocorre em áreas de fragilidade da parede intestinal onde vasos

sangüíneos podem penetrar.

• Tipicamente mede entre 5 e 10 mm.

• Divertículos são na realidade pseudo (falsos) divertículos, pois contém apenas

mucosa e submucosa recobertas pela serosa .

diverticulo

 

 

Doença Diverticular

Consiste de:

• Diverticulose – presença de divertículos no cólon

• Diverticulite – inflamação de um divertículo

• Sangramento diverticular  WGO Practice Guidelines Doença Diverticular

Tipos de Doença Diverticular

• Simples – 75% não têm complicações

• Complicadas – 25% apresentam abscessos, fístulas, obstruções, peritonite ou

sepse

 

2.  Epidemiologia

Prevalência pela idade

40 anos  5%

60 anos  30%

80 anos  65% [25]

 

Prevalência por gênero

< 50 anos  Mais comum em homens

50&ndash#150;70 anos  Levemente mais comum em mulheres

> 70 anos  Mais comum em mulheres

 

Doença Diverticular em Jovens (<40 anos)

A DD é muito mais freqüente em pessoas mais velhas, com apenas 2 a 5% dos casos ocorrendo abaixo de 40 anos. A DD neste grupo mais jovem é mais freqüente em homens, com a obesidade como grande fator de risco (presente em 84 a 96 % dos casos). Os  divertículos localizam-se geralmente no cólon sigmóide e/ou no descendente. O manuseio deste subgrupo de pacientes permanece controverso. O conceito de que a DD seria mais “virulenta” em jovens é assunto de debates. A história natural realmente mostra uma tendência à recorrência dos sintomas e uma incidência aumentada de evolução desfavorável, com necessidade de cirurgia.

A cirurgia é freqüentemente o tratamento de escolha para pacientes jovens sintomáticos

(aproximadamente 50%, comparados com 30% de sintomáticos entre todos os pacientes).

Em pacientes jovens sem co-morbidades, a cirurgia eletiva após um único episódio de

diverticulite continua sendo uma recomendação racional.

 

3.  Etiologia

Falta de Fibras Alimentares

A falta de fibras na dieta foi inicialmente descrita como um possível fator etiológico no

desenvolvimento da DD por Painter e Burkitt no final da década de 60. Apesar da

hipótese ser inicialmente recebida com alguma resistência, a sua confirmação foi

demonstrada posteriormente por publicações como o Estudo de Seguimento de

Profissionais da Saúde.

• O risco relativo de desenvolver DD é 0.58 em homens com muitas fibras na dieta.

• A DD é menos comum em vegetarianos.

A teoria atual sobre a fibra alimentar como agente protetor contra a formação de divertículose, conseqüentemente, de diverticulite é:

Fibras insolúveis causam a formação de fezes mais volumosas, que levam a uma

efetividade reduzida nos movimentos de segmentação do cólon. O resultado disso

é que a pressão intraluminal permanece próxima à normal durante a peristalse do

cólon.

 

Desenvolvimento da Doença Diverticular

Não há evidência de relação entre o desenvolvimento de divertículos e tabagismo, consumo de álcool ou cafeína. Observa-se, no entanto, um risco aumentado de desenvolvimento de doença diverticular associado à dieta rica em carne vermelha e gordura. Este risco pode ser reduzido por uma dieta rica em fibras, especialmente se forem derivadas de celulose (frutas e vegetais).

 

Risco de Complicações

A DD complicada tem sido observada mais freqüentemente em pacientes tabagistas, que

utilizam AINEs, incluindo o acetaminofeno (paracetamol), são obesos e têm dieta pobre em fibras. A DD complicada não é mais comum em pacientes que ingerem álcool ou

bebidas cafeinadas.

 

Localização da Doença Diverticular

A apresentação mais típica é a de um pseudodivertículo de pulsão (o divertículo não contém todas as camadas da parede do cólon – a mucosa e a submucosa se projetam através da camada muscular e são recobertas pela serosa).

Há quatro pontos bem definidos ao redor da circunferência intestinal onde os vasos retos penetram a camada de musculatura circular. Os vasos entram na parede a cada lado da tênia mesentérica e na borda mesentérica das duas tênias antimesentéricas. Não se formam divertículos distais à junção retossigmóidea, pois as tênias se coalescem para formar uma camada muscular longitudinal.

 

Distribuição:

Envolvimento do sigmóide  95%

Apenas em cólon sigmóide  65%

Todo o cólon  7%

Próximo ao cólon sigmóide (mas sigmóide normal)  4%

 

História Natural

A diverticulose é:

Assintomática em  70%

Leva a diverticulite em  15–25%

Associada a sangramento em  5–15%.

 

Fisiopatologia

DIVERTICULOSE

Os pontos de penetração dos vasos retos na parede intestinal são áreas de fragilidade da

parede onde uma porção da mucosa e da submucosa (recobertas pela serosa) pode se

projetar.  A segmentação pode ocorrer como resultado do aumento da pressão intracolônica em certas áreas. Representa fortes contrações musculares da parede que serviriam para propelir o conteúdo luminal ou interromper a sua passagem. As pressões individuais nas câmaras são temporariamente maiores que aquelas encontradas quando o cólon não está segmentado. A segmentação do cólon na diverticulose é exagerada, causando oclusão de ambas as extremidades das câmaras, resultando em alta pressão em seu interior.

O cólon sigmóide é geralmente afetado, provavelmente devido ao seu menor calibre. A Lei de Laplace explica o desenvolvimento através da equação P=kT/R. (onde P é pressão, k é uma constante, T é tensão na parede e R é o raio). A maioria das complicações, portanto, está localizada nesta área.

O sigmóide e outros segmentos intestinais na doença diverticular tornam-se não

complacentes por diversos mecanismos:

• “Mychosis” – conjunto de alterações que inclui espessamento da camada de

músculos circulares, encurtamento das tênias e estreitamento do lume.

• Elastina – aumento na deposição de elastina entre as células musculares e as

tênias. A elastina também é depositada em uma forma contraída que leva ao

encurtamento da tênia e ao acotovelamento da musculatura circular.

• Colágeno – doenças do tecido conjuntivo, como a Síndrome de Ehlers-Danlos, a

Síndrome de Marfan e a doença policística renal autossômica dominante resultam

em mudanças estruturais na parede intestinal, levando a uma redução na sua

resistência à pressão intraluminal e, portanto, permitindo a protrusão de

divertículos.

 

DIVERTICULITE

Este termo representa um espectro de mudanças inflamatórias que variam de uma

inflamação local subclínica à peritonite generalizada com perfuração livre de alça.

O mecanismo de desenvolvimento da diverticulite está centrado na perfuração do

divertículo, seja ela micro ou macroscópica. O antigo conceito de obstrução do óstio do

divertículo provavelmente só ocorre raramente. A pressão intraluminal aumentada ou

partículas de comida espessadas podem causar erosão na parede diverticular, que progride para inflamação, necrose focal e perfuração (micro ou macroscópica). A manifestação clínica da perfuração depende do seu tamanho e de quão vigoroso for o seu tamponamento pelo organismo. Perfurações, se bem controladas, resultam na formação de um abscesso, enquanto que o tamponamento incompleto pode levar a perfuração livre.

Diverticulite simples:  75% dos casos

Diverticulite complicada:  25% dos casos (abscessos, fístulas ou perfurações)

 

Diagnóstico

A maioria dos pacientes apresenta dor no quadrante inferior esquerdo. A

presença de descompressão brusca dolorosa indica algum grau de envolvimento

peritoneal. Febre e leucocitose são outros achados inespecíficos, mas

importantes.

 

Exame físico

O exame físico pode ser relativamente normal, mas geralmente revela desconforto ou massa abdominal. Sintomas urinários podem sugerir a presença de flegmão pélvico.

 

Diagnóstico Diferencial

Carcinoma intestinal – pielonefrite

Doença inflamatória intestinal – apendicite

Colite isquêmica

Síndrome do intestino irritável

Doença inflamatória pélvica

 

Investigações

• Radiografias de tórax e abdome – geralmente não mostram sinais específicos de

DD, mas o pneumoperitônio pode ser visto em 11% dos pacientes com diverticulite aguda.

• A radiografia abdominal é relatada como anormal em 30 a 50% dos pacientes com

diverticulite aguda. Os achados mais comuns incluem:

o Dilatação dos intestinos grosso e delgado ou íleo paralítico

o Obstrução intestinal

o Densidades em tecidos moles sugestivas de abscessos [26, 27]

• O diagnóstico feito apenas com dados clínicos é incorreto em 33% dos casos.

• Do ponto de vista de investigação diagnóstica, a tomografia computadorizada é melhor que a ultra-sonografia.

• A diverticulite é geralmente considerada como uma doença predominantemente

extraluminal. A tomografia computadorizada oferece o benefício de avaliar tanto o intestino quanto o mesentério com uma sensibilidade de 69 a 98% e uma especificidade de 75 a 100%.

• Os achados tomográficos mais observados na diverticulite aguda são:

1. Espessamento da parede intestinal

2. Gordura mesentérica raiada

3. Abscesso associado

Em uma série de 42 pacientes com diverticulite, a tomografia computadorizada

observou:

Gordura com inflamação em raias 98%

Divertículos 84%

Espessamento da parede intestinal   70%

Abscesso pericolônico 35%

Peritonite 16%

Fístula 14%

Obstrução colônica 12%

Tratos sinusais intramurais 9%

 

Outras investigações

• Achados ultra-sonográficos podem incluir espessamento da parede colônica e

tumorações císticas.

• Enema contrastado – no quadro agudo, é reservado especialmente para quando o diagnóstico não está claro. Tem uma sensibilidade de 62 a 94% com uma taxa de falsos negativos de 2 a 15%. O diatrizoato de meglumina é um contraste

hiperosmolar que pode assistir na suboclusão intestinal, se estiver presente.

• Endoscopia – proctossigmoidoscopia / sigmoidoscopia flexível. O uso de procedimento endoscópico, com a inerente insuflação de ar, é relativamente contra-indicado no quadro agudo pelo aumento no risco de perfuração intestinal.